Há anos, passei uma semana em casa de um amigo, uma mansão antiga, quatro vezes reconstruída nos últimos quinhentos anos. Nas inúmeras caves, entre arcas, livros, papéis, objectos de adorno, estatuetas africanas, pontas de seta, quadros cobertos de pó, cadeiras partidas, móveis, etc., encontrámos, por acaso, certa manhã em que revolvemos a arca maior, um pequeno embrulho de cor parda.
Cortámos os cordões, desembrulhámos o volume e encontrámos cem folhas manuscritas a verde numa das faces. Lendo o título – Duas formigas em África, como me tornei amigo delas e as coisas que aconteceram depois – percebemos estar na posse de uma narração. Subimos ao jardim, e como era princípio de Julho e estava muito calor, sentámo-nos à sombra de um dos sobreiros centenários.
Embora com emendas e em certas partes denotando velocidade de escrita, a caligrafia era perfeitamente legível, razão pela qual nem uma hora demorámos a ler a história. E que história! Duas formigas, um encontro casual com Ped-Kalam e uma ideia que surge. Estamos em África. Ped-Kalam, que tinha dez anos quando tudo aconteceu, fala desse tempo longínquo, contando sem embaraço uma história impossível.
Como este manuscrito foi parar lá a casa, à arca grande da cave, ninguém sabe, embora seja ponto assente que um avô desse meu amigo viveu durante quinze anos em África.
Cortámos os cordões, desembrulhámos o volume e encontrámos cem folhas manuscritas a verde numa das faces. Lendo o título – Duas formigas em África, como me tornei amigo delas e as coisas que aconteceram depois – percebemos estar na posse de uma narração. Subimos ao jardim, e como era princípio de Julho e estava muito calor, sentámo-nos à sombra de um dos sobreiros centenários.
Embora com emendas e em certas partes denotando velocidade de escrita, a caligrafia era perfeitamente legível, razão pela qual nem uma hora demorámos a ler a história. E que história! Duas formigas, um encontro casual com Ped-Kalam e uma ideia que surge. Estamos em África. Ped-Kalam, que tinha dez anos quando tudo aconteceu, fala desse tempo longínquo, contando sem embaraço uma história impossível.
Como este manuscrito foi parar lá a casa, à arca grande da cave, ninguém sabe, embora seja ponto assente que um avô desse meu amigo viveu durante quinze anos em África.